TERRAS E CÉUS: PAISAGENS MODULARES
sex., 30 de abr.
|Jardim Maristela
Os desenhos e aquarelas apresentados nessa exposição foram realizados ao ar livre em Paraibuna (SP) e as pinturas em ambiente interno no estúdio do artista, na cidade de São Paulo. Plínio Toledo Piza conta que iniciou esta série com pequenos desenhos de visões aleatórias dos altos do bairro rural do
Horário e local
30 de abr. de 2021, 09:00
Jardim Maristela, Praça Benedicta Cavalheiro, s/nº - Freguesia Do O, São Paulo - SP, 02675-031, Brasil
Sobre o evento
Terras e Céus: paisagens modulares
“Iniciei esta série de pinturas com pequenos desenhos de visões aleatórias dos altos do bairro rural do Itapeva, em Paraibuna – SP. Os desenhos foram convertidos em aquarelas, divididas em um ou dois ou três pedaços de papel. Daí surgiu a idéia de grandes pinturas, também divididas em uma, duas ou três telas. Desta vez, em medidas e proporções baseadas no estudo MODULOR do arquiteto Le Corbusier, medidas estas que tenho adotado em meus projetos de Arquitetura da Paisagem, atividade profissional que exerço como arquiteto.
Os desenhos e aquarelas foram realizadas ao ar livre em Paraibuna, e as pinturas em ambiente interno de estudio na cidade de São Paulo. A transferência das pequenas aquarelas para pinturas maiores exigiu um grande esforço de fidelidade visual e geométrica, primeiramente em relação às medidas, não só do papel de pequenas dimensões para a tela de dimensões maiores, mas principalmente porque esta transformação se dá também em função das mudanças de textura dos suportes utilizados, da aproximação e da distância, da percepção do artista que se altera ao executar as duas formas de trabalho: aquarela e pintura.
O fato é que este processo se revelou inovador na minha experiência artística, subvertendo a intenção e a técnica de pintura, inicialmente prevista como fiel às paisagens registradas nas aquarelas. A tendência à abstração somada ao desgaste físico provocado pelos procedimentos de transferência de medidas e a ocupação e preenchimento de áreas muito maiores, com outras tintas, com outras cores sobre outra superfície, me sugeriram e me proporcionaram liberdade de trabalhar as formas sem compromisso com o modelo inicial, investindo mais nas cores e me divertindo e aprofundando com o jazz que me acompanhou durante a execução de todas as pinturas.
Cada tela tornando-se autônoma é a Paisagem, qualquer paisagem, independente do que representa, pois não representa nada, talvez lembre alguma coisa afetiva a alguém que a esteja vendo. Não quero representar paisagens. Paisagens como início de Pintura. A abstração em parte resolve o problema, pois abole a escala e a representação, mas então esbarra na finitude do suporte. Esta é a ansiedade metafísica do pintor de paisagens, que não quer fragmentar, mas sempre integrar.
A exposição reúne 9 pinturas, que poderiam ser mostradas lado a lado em uma sequência circular, pois há uma linha curva orgânica que serpenteia por todas as telas de forma contínua, separando e unindo, paradoxalmente, a montanha inventada do imaginado céu de uma pintura à outra. Isto remete à uma tradição do “Studíolo” do Quatrocento que colocava o espectador em um ambiente envolvido com uma paisagem circular e contínua propícia para a criação de uma história na imaginação do observador.”
Plinio Toledo Piza Novembro 2011